Será que as funções tradicionais da gerência ainda correspondem com eficácia às novas necessidades do mercado?
Parece que quanto mais se mexe, mais inconformidades aparecem, e sinceramente, creio que tem que ser assim. O questionamento sobre a eficácia e eficiência das funções gerenciais deveria ser permanente. Todos nós sabemos que a única coisa constante hoje em dia é a mudança e quem não se atualiza e se questiona, praticamente está andando para trás.Tanto no meio empresarial, como no acadêmico tem se dado muita importância aos modelos de gestão que permanentemente se renovam, e nas rodas de empresários, diretores e consultores, fala mais alto aquele que conhece a última sigla (em inglês claro!). Porém, pouca ou nenhuma importância está se dando a adequação das funções tradicionais de gestão, junto a essas modalidades e às próprias necessidades do mercado local.
Fico observando por exemplo, quando as pessoas assistem à palestras, congressos, workshop,seminário e outros eventos.Estão cheias de gás, entusiasmadas e determinadas a fazer acontecer e lutar contra a inércia e o comodismo dos condicionamentos.Mas quando começam a encontrar barreiras e até críticas por querer melhorar algum procedimento ou processo, acabam desistindo logo no terceiro ou quinto dia.
Então fico me perguntando, qual foi o objetivo de mandar esta pessoa para o seminário? Foi só para aprender alguma coisa? Ou foi para aplicar alguma melhoria na empresa? Se o motivo real é o primeiro, então, é melhor comprar alguns livros para ler. Custa menos e a pessoa não tem que se ausentar da empresa, perdendo um tempo precioso.
Um dos paradigmas que mais tem limitado as organizações de alcançar maiores participações no mercado, ainda é o pressuposto: “Eu penso e você executa”. Nenhum ser humano se sujeita a isso 100%. Pode até tolerar por que precisa do emprego, mas o intolerável, mesmo sem perceber, é transformado em rebeldia.
Qual a melhor maneira de reverter essa situação? A experiência tem demonstrado que é preciso dar oportunidades às pessoas de participar mais diretamente na vida da organização. Não só executando, como também refletindo e buscando melhores níveis de desempenho, chegando a participar na execução das suas próprias idéias e sugestões. Isto é, provocando a capacidade criativa e desenvolvendo a competência coletiva, aprendendo uns com os outros.
Algo que aproxima e motiva muito as pessoas nas empresas é o aprendizado em equipe. O aprendizado não pode continuar sendo realizado como uma reação às crises, ou simplesmente reativo. Ele tem que ser planejado e executado como aliado indispensável em qualquer processo de mudança estratégica, de tal forma que seja um impulsionador convergente aos objetivos estabelecidos.
A nova onda nas empresas para desenvolver vantagens competitivas é a inovação por meio do potencial humano, popularmente chamada de gestão de RH. Pesquisas realizadas pelo Hay Group do Brasil e pelo Serasa de São Paulo, onde se pesquisaram as 185 melhores empresas na gestão de pessoas; constataram que as 35 melhores com relação ao clima organizacional tinham em média 38% de margem líquida maior.Isso, além de uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido 25% superior às outras.Essa é maior prova de que vale a pena investir nas pessoas e no desempenho da organização.
Não é a toa que vários empresários visionários já quantificaram os prejuízos que tem ao contratar impulsivamente e pelas simples indicações de parentes e amigos. Um grupo menor ainda está utilizando os meios de comunicação em massa, como televisão e a Internet para, por meio de jogos empresariais, selecionar aqueles que mais se destacam. É a Gestão com foco em pessoas.
Estas mudanças de mercado estão obrigando as empresas e líderes a mudar seu atual sistema de tomada de decisões, para um novo sistema que seja:
a) mais participativo, estimulando e valorizando as experiências e conhecimentos adquiridos;
b) mais rápido, com decisões tomadas por quem está mais perto do problema, e não pela complicada e burocrática linha hierárquica;
c) mais eficiente e eficaz, utilizando e compartilhando o conhecimento e a inteligência de um número maior de pessoas, e não apenas dos gerentes.
Minha intenção nesta serie de artigo é encorajar você empresário/diretor, para que se questione o tempo todo, aceite o desafio e desenvolva seu próprio modelo de gestão do negócio. Invista nos processos e na inovação por meio das pessoas. Até o próximo artigo!
Por Federico Amory (Consultor, professor e diretor da Amory Serviços S/C Ltda, especializada em Reestruturação organizacional e inovação na gestão do negócio - http://www.empresa-eficaz.com.br – mail to: ee@empresa-eficaz.com.br)